domingo, 20 de maio de 2018

Afetividade e sua Relação com o Ensino-Aprendizagem na Educação Infantil

Uma proposta amplamente debatida entre os profissionais da educação que atuam na educação infantil é que as escolhas pedagógicas deste ser envolvida em ações em que as crianças possam vivenciar a afetividade e o afeto.

Deste modo a afetividade e as relações psicossociais oferecem uma oportunidade de vivenciarmos uma metodológica que emerge da escola de educação infantil.

Destacamos, deste modo, as referencias de Piaget que nos apresenta que "Nunca há ação puramente intelectual, assim como também não há atos que sejam puramente afetivos".

O questionamento base para esta perspectiva metodológica em escolas de educação infantis inicia-se nas emoções e em como lidar com elas no dia a dia?

Portanto, entende-se que, como adultos e também como crianças, trabalhamos com o nosso emocional a todo momento, conforme o nosso contexto diário vai sendo vivenciado, ou seja: na família, no trabalho, na escola, no trânsito... a todo momento somos chamados ao ato de educar nossas emoções.
É perceptível que quando não estamos bem, muitos sentimentos adversos se manifestam. A partir de alguns exemplo diários, surgem alguns questionamentos pertinentes:
- E quando não estamos bem, como nos sentimos? Do que mais precisamos?
-  De onde partem as nossas reações verbais e físicas mais severas?
- Porque, ainda na infância, surgem tantas situações desagradáveis nas relações entre os pares?

Podemos citar alguns estudos de WALOW (1995, p.83) que nos diz que:
[...] "as creches e escolas são de grande importância para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças [...]. Nesses locais, elas têm de aprender a brincar com as outras, respeitar limites, controlar a agressividade, relacionar-se com o adulto e aprender sobre si mesma e seus amigos, tarefas estas de natureza emocional [...] o fundamental para as crianças menores de seis anos é que elas se sintam importantes, livres e queridas".

Considerando esta potencial ação, precisamos refletir sobre nossas escolhas e sobre nossa atuação profissional, enquanto trabalhadores em educação lotados na Educação Infantil que optamos ser.

Mais algumas questões para refletirmos:
- É possível reconciliar-se consigo mesma e oportunizar às crianças que o dia de hoje seja diferente?
- Na chegada da criança na escola, como fazemos a acolhida? Qual a importância, neste momento, de deixar os pais seguros?
- E se hoje? Como está sua turma? Agitada, confusa, com muitas dificuldades de relacionamento?
- E você professora, como se sente? Como você está hoje? Está conseguindo lidar com as adversidades? Precisa de ajuda? Quer conversar?

É muito importante que o profissional da educação reconheça as suas dificuldades, mesmo que sejam apenas dificuldades momentâneas, numa situação específica, para que seja possível compartilhar responsabilidades e construir novas formas de solucionar os problemas diários.

Uma potencial ação afirmativa é o compartilhamento de responsabilidades e experiência.  Ao darmos oportunidade para os outros e aprendemos a receber ajuda sem nos sentir frustrado por não ter feito sozinho é especialmente libertador, pois nos tira do ombro um peso que não é só nosso, é de todos.
Acredito que cada um pode fazer um pouquinho e assim tudo fica MAIS LEVE, MAIS ALEGRE, MAIS HUMANO.

Outro facilitador importante é contemplar nos Projetos da turma ou mesmo da escola as questões pertinentes às dificuldades enfrentadas com as relações psicossociais, envolvendo as famílias ao longo de todo processo pedagógico e cognitivo e não somente nos momentos de entrega de Pareceres Descritivos/Avaliações.

Ao estudarmos os referenciais teóricos para a educação e a legislação educacional vigente, nos deparamos com um artigo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que nos possibilita perceber e refletir um pouco mais sobre como as relações entre todos os segmentos da comunidade escolar se estabelecem:
"A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade". (LDB 9.394/96, em seu artigo 29).

Deste modo, pensar a escola e sua comunidade escolar envolvida por sentimentos de afetividade, prazer e alegria é propício para que as ações pedagógicas possam promover sentimentos no grupo de professores, no grupo de crianças e no grupo de familiares. Entende-se, portanto, que a escola é um todo, não existe um setor sem o outro: prefeitura, limpeza, merenda, secretaria, equipe diretiva e pedagógica e familiares. E é tudo em prol da CRIANÇA, ela é a principal peça de lego que se encaixa nesta alegre brincadeira.

 É relevante lembrar que a criança desta turma é única. No meu caso, apesar de estar atuando há 19 anos com educação infantil, é o primeiro ano desta criança na minha vida. Enquanto educadora, é necessário questionar: o que esta criança merece receber? 

Para cada ação pedagógica planejada e para cada proposta a ser vivenciada é importante refletir que precisamos ser o exemplo enquanto adultos para depois termos uma sociedade em que as crianças de hoje tenham a possibilidade de construir um futuro melhor para a humanidade. 


Ainda podemos perceber que é possível resgatar em nós o encantamento dos nossos primeiros anos de profissão.
UM POUCO de cada experiência de vida..
UM POUCO  de cada encanto sentido e vivenciado...
UM POUCO de tudo que vai servir de lição...
UM POUCO de cada ação que escolhemos ter...
UM POUCO de brilho no olho, aquele de quando começamos na profissão...
UM POUCO já é MUITO...
Porque UM POUCO é TUDO
o que precisamos para
FAZER HOJE AS MUDANÇAS QUE IREMOS PRECISAR AMANHÃ!


REFERÊNCIAS
BRASIL/MEC. LEI nº. 9.394/96 – Das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Dezembro 1996 (Artigos. 22 e 29).
CURY, Augusto Jorge. A turma da floresta viva: Ansiedade para filhos e alunos. São Paulo: Editora Saraiva, 2015.
CURY, Augusto Jorge. Pais Brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Esextante, 2003.
WALLOW, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições, 1995.

SUGESTÕES DE VÍDEO

- Desenvolvimento Afetivo (UNIVESP, 2010) https://youtu.be/IUSVeVnmt1U

domingo, 13 de maio de 2018

Diálogos Cabíveis entre Piaget, Vigostky e Freire

Refletir sobre o processo de construção de conhecimento e aquisição da linguagem, em especial para professores de educação infantil, é fonte de inspiração e faz de uma escolha didática e metodológica que serve como norte para a prática docente.

Inicialmente é importante frisar que desde seus primeiros anos de vida, o indivíduo necessita vivenciar o respeito às suas fases de desenvolvimento e maturidade, sendo estimulado a avançar (no seu tempo), pois cada indivíduo, apesar de pertencer a um grupo e uma faixa etária específica, tem seu tempo e sua maturidade é construída individualmente, ainda que as interações sociais sejam de grande valia.

Cultural e socialmente é perceptível o quanto o contexto familiar nos é impactante na aquisição da linguagem, muitas pronúncias de palavras tornam-se diferenciadas, por ser expressão da aprendizagem social, promovida em ambiente familiar, através do exemplo e do repertório de palavras e expressões verbais pronunciados pelos familiares no contexto familiar em que a criança está inserida. 

Percebe-se desde o berçário 2 uma crescente preocupação dos pais com a pronúncia dita "correta" das palavras para que seus filhos sejam compreendidos, no entanto já recebemos no Infantil 5, crianças chegando pela primeira vez na escola, com muitas dificuldades de expressão verbal, bem como, com pouco vocabulário.

É importante lembrar que, em tempos de cultura digitais e principalmente de mídias móveis, as crianças, cada vez mais cedo, estão tendo acesso aos canais de Youtube e, deste modo, encontramos nas suas falas, muito das características dos personagens de desenhos ou programas animados, como por exemplo: "... É só latir por ajuda" (Patrulha Canina), "Papai bobinho" (Peppa Pig), "Porque..." (Show da Luna), "Me dá. Me dá. Me dá". (Masha e o Urso), entre muitas outras expressões que passam a ser presentes no repertório das crianças.

Na contrapartida está então a família e a escola, construindo laços e propondo ações que sejam significativas para o desenvolvimento linguístico e para a formação social, cultural e pedagógica da palavra seja ela falada ou escrita. E todo este processo segue ao longo da vida, sendo promovido e ampliado a partir de nossas experiências, conforme vamos também compreendendo o desenvolvimento do pensamento (cognitivo) e o desenvolvimento da linguagem, ambos muito importantes para o indivíduo.

Deste modo podemos destacar que, de acordo com a perspectiva que Piaget sempre teve em resolver problemas epistemológicos, utilizando-se de diferentes contextos para exemplificar como o sujeito aprende e fornecendo explicações mais objetivas sobre o mundo que o cerca. Piaget realizou pesquisas estabelecendo a psicogênese como metodologia para compreender melhor as origens e a estruturação que acontece progressivamente no processo de aquisição do conhecimento e, desta forma, conseguiu também investigar a função da lógica e da linguagem no campo da aprendizagem e do ensino. 

Quando relembramos as concepções Vigotskyanas sobre a aquisição da linguagem, podemos dizer que, para ele, o crescimento intelectual da criança depende de seu domínio dos meios sociais do pensamento, isto é, da linguagem. Vygotsky nos traz também a ideia de que por meio da interação social, o sujeito estabelece uma conexão com elementos essenciais e que servem de mediação aos seus processos mentais e, desta forma, algumas funções psicológicas fundamentais vão sendo firmadas no sujeito, tais como: perceptividade, memorização, pensamento, atenção, desenvolvimento da interação sociocultural. Outro conceito vygotskyano são os signos (sistema representativo da linguagem que atuam entre o significante e o significado), como por exemplo: mesa, cadeira, livro, cortinas. Complementando seus estudos, nos faz perceber também a presença de um sistema destes signos, os quais são compartilhados por uma sociedade, como por exemplo: a língua, a escrita, o sistema numérico, entre outras convenções sociais que facilitam a comunicação entre pares.

Outro teórico e estudioso da educação que deixou seu legado foi Freire (1996, p.27) nos instigando a refletir que "A importância do papel do educador, pelo mérito da paz, com certeza é que sua tarefa docente não apenas ensina os conteúdos, mas também ensina a pensar". O envolvimento necessário do estudante com a sua própria mudança de atitude irá influenciar diretamente na sua realidade; posicionamento este tão importante e que fortalece a autonomia e promove a vivência da dignidade humana e da justiça social. Estabelecer critérios que sirvam de exemplo para que ações afirmativas de cunho social, político, cultural e educacional sejam elencadas como prioridade faz parte, por assim dizer, da essência do papel do educador e influenciam diretamente em suas escolhas metodológicas e didáticas e, por fim, na sua prática docente.

Portanto, entende-se, a partir das leituras sugeridas neste semestre letivo no curso de Licenciatura em Pedagogia da UFRGS, que tanto Piaget, quanto Vygotsky e Freire (preocupados com o processo de ensino e aprendizagem), deixaram inúmeras contribuições que nos auxiliam, atualmente, a compreender a educação e o mundo, de forma que também podemos continuar utilizando seus estudos e suas ferramentas didáticas e metodológicas para avançar nos estudos sobre o desenvolvimento cognitivo e a aquisição da linguagem humana.


REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários á prática educativa: São Paulo, Ed. Paz e Terra: 1996.
HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992.
SILVA, Samanta Demétrio da. Aquisição da Linguagem. Webartigos, Porto Alegre, p.01-12, 2010. Disponível em: <https://www.webartigos.com/artigos/aquisicao-da-linguagem/43208>. Acesso em: 22 jul. 2010.

domingo, 6 de maio de 2018

Inovações Pedagógicas

Texto "Inovações pedagógicas e a reconfiguração de saberes no ensinar e no aprender na Universidade", escrito por Maria Isabel da Cunha, indicado pela professora Mariângela Zied, na interdisciplina Educação e Tecnologias da Comunicação e da Informação, nos apresenta conceitos que são também atuais e constitui parâmetros que facilmente permeiam o dia a dia na escola pública de educação infantil onde atuo como professora.

Conceituando o termo inovações pedagógicas
- propostas pedagógicas novas; 
- experiências pedagógicas que saem do território formal;
- encontra possibilidade de articulação entre saberes científicos e saberes populares;
- podendo também estar ligada a novas formas de pensar;
- mudanças de concepções;
- ruptura de paradigmas;
- é a procura por soluções diferentes para a resolução de um mesmo problema;
- "pessoas inovadoras preservam um pensamento crítico e tem um compromisso social com sua profissão";
- "professores mais capazes de pensar novas perspectivas para o ensino";
-  formas de gestão e trabalho coletivo;
- novas metodologias;
- diferentes racionalidades na construção do processo ensino-aprendizagem;
- ensino e pesquisa;
- procuram articular diretamente a teoria e a prática;
- experimentam novas alternativas de comunicação envolvendo tecnologias virtuais;
- procuram inserir o conhecimento científico nos marcos culturais dos estudantes;
- extrapolam o tempo e espaço tradicional de sala de aula para alcançar aprendizagens significativas;
- há ações que estimulam a autoria e protagonismo dos alunos numa perspectiva emancipatória;
- há os que lançam mão de processos interdisciplinares para encaminhamento de seus objetos de estudo.

Deste modo, é compatível perceber, no contexto educacional, uma importante e crescente mudança seja metodológica como também filosófica. Para Lucarelli (2000, p. 36) [...] "a pedagogia universitária é um espaço de conexão de conhecimentos, subjetividades e cultura, exigindo um conteúdo científico, tecnológico ou artístico altamente especializado e orientado para a formação de uma profissão". 

E é sob este viés que está sendo vivenciado o curso de Licenciatura em Pedagogia pela UFRGS na minha vida profissional e pessoal. A partir das vivências e reflexões feitas no PEAD, muitas outras mudanças estão acontecendo no meu dia a dia como professora e ser humano.

Destacando ainda o que é um professor de sucesso na Universidade, referencia-se Cunha (2004, p. 6):
[...] "a competência situa-se, justamente em agir diferenciadamente para cada situação, a partir da leitura da cultura e das condições de produção do conhecimento que se estabelece entre o professor e seus estudantes".
A partir desta reflexão, mais uma vez, é potencializador pensar que não estamos sós neste caminho pela ação que gera uma mudança metodológica e afirmativa no fazer pedagógico escolar, seja para um profissional atuante na Universidade ou para aquele que atua na Educação Básica. Partimos do mesmo pressuposto de que o diferencial é a conexão estabelecida na relação entre professor e estudantes, esta ação é potencializadora ou não, de um processo de ensino e de aprendizagem bem sucedido. 

Uma perspectiva, novamente reafirmada por Cunha (2004, p.7 - 11), quando nos lembra que :
"o exercício da docência nunca é estático e permanente; é sempre processo, é mudança, é movimento, é arte; são novas caras, novas experiências, novo contexto, novo tempo, novo lugar, novas informações, novos sentimentos, novas interações. [...] A alternativa escolhida para uma intervenção que valorize a prática pedagógica inovadora do professor, foi a pesquisa. Acreditamos que a investigação pode, ao mesmo tempo em que produz conhecimentos, favorecer a formação. Isso porque o professor, ao ser instigado a falar sobre suas concepções e experiências, organiza seu pensamento e utiliza a narrativa como processo reflexivo".

Portanto, ao debater inovação pedagógica é importante refletir sobre as nossas escolhas, sejam elas no campo universitário (foco do texto sugerido) ou na escola pública em que atuamos. portanto, entende-se que é a partir das escolhas que fazemos no cotidiano que compomos ou não um cenário inovador. É preciso que as ações escolhidas estejam pautadas principalmente na escuta sensível, no olhar atento e no diálogo constante entre professores, estudantes e comunidade escolar envolvida. deste modo, possibilidades e potencialidades inovadoras farão parte do contexto educacional e a prática pedagógica ampliará as demandas emergentes em seu contexto educacional.

REFERÊNCIAS
CUNHA, Maria Isabel da. Inovações pedagógicas e a reconfiguração de saberes no ensinar e no aprender na universidade. VII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Centro de Estudos Sociais, Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra, Portugual, 16 a 18 de setembro de 2004.
SCHLEMMER, Eliane. O trabalho do professor e as novas tecnologias. Revista Textual - SINPRO/RS. Porto Alegre: setembro de 2006.