segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Caminhos da Inclusão

Retrospectiva Histórica na Educação Especial

É necessário refletir quando se trata de retrospectiva histórica na Educação Especial que, de acordo com as leituras sugeridas no Eixo VI e dos cursos realizados ao longo do semestre, que muitos foram os avanços, bem como que a maioria das mudanças sociais que acontecem na linha histórica da inclusão de pessoas com necessidades especiais, sejam elas educativas ou não, se apresentam no ambiente escolar. Deste modo, muitas ações que incluem a formulação de leis, iniciam sua trajetória por uma demanda emergente nos ambientes escolares e se estruturam nos órgãos reguladores e competentes em âmbito social e educacional.

Ao abordar esta temática, transcreve-se, também a palestra ministrada pela Psicóloga da APAE Canoas Júlia dos Anjos no I Seminário de Educação Inclusiva da APAE Canoas/RS, que nos faz refletir que:
“Duas foram são as vertentes da Educação Inclusiva: a Integração e a Inclusão. Na primeira, a Integração: tudo depende do aluno, é ele que tem que se adaptar ao sistema. Na Inclusão, o meio e o social deverá se modificar e preparar-se para receber o aluno com necessidades especiais. Este é o momento que nós estamos vivendo, por isso que ele é mais desconfortável em algumas situações. Porque teve um período em que se o aluno não se adaptasse ao sistema escolar ele ia para outro lugar, ele ia para a escola especial; hoje não. Então o meio é que precisa estar pensando o que vai fazer para que aquela criança, aquele aluno, consiga se desenvolver”. (ANJOS, 2017).

É perceptível que jamais haverá inclusão de fato, se a sociedade não se mobilizar e se adaptar.

Com o passar dos anos, se a sociedade não se adequar para receber as pessoas com necessidades especiais, é bem possível que os papéis irão se inverter, porém a inclusão ainda não estará acontecendo, porque os excluídos serão os que hoje são considerados “normais”.

Visto a problemática da inclusão do âmbito social é, portanto, fundamental que a consciência de humanidade seja a principal norteadora deste processo de inclusão, aí sim, caminharemos para uma sociedade em que a inclusão aconteça de fato e que não haja espaço para exclusões de nenhum tipo.

Entenda-se que não estamos abordando aqui a frase citada acima, de forma utópica: ‘caminharemos para uma sociedade em que a inclusão aconteça de fato e que não haja espaço para exclusões de nenhum tipo’ (NECCHI, 2017). Visto que se trata de um processo de conscientização moral e ético, num momento caracterizado por uma ação social comum a todos nós, enquanto seres humanos aprendizes e imperfeitos que somos, em que estaremos agindo de forma socialmente responsável e ética e, deste modo, convivendo com as diversidades e adversidades humanas de forma respeitosa e inclusiva.


Reflexões sobre os “Caminhos da Inclusão” por ANJOS, 2017:

Marcos Significativos dos CAMINHOS da INCLUSÃO no Mundo
60/70
1988
1990
1994
1999
2007
Décadas Iniciais
Convenção sobre os Direitos da Criança
Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Tailândia)
Declaração de Salamanca (Espanha)
Declaração de Guatemala (Espanha)
Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (Nova York)
  
Marcos Significativos dos CAMINHOS da INCLUSÃO no Brasil
1994
1999
2001
2001
           2015
Política Nacional de Educação Especial
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
Decreto 1.956
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica
Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015)

Percebe-se, nos quadros acima que no Brasil as Escolas Especiais começaram a surgir em 1954. Outra informação relevante é que iniciando pelas APAES (Associações de Pais de Pessoas Portadoras de Deficiência), juntamente com as Escolas para Cegos e as Escolas para Surdos, a Educação Inclusiva iniciou sua trajetória histórica. No decorrer dos anos, as nomenclaturas das mesmas vêm sendo aprimoradas pelo respeito pela pessoa, mas a essência se mantem: a de incluir a pessoa com necessidades especiais às ações cotidianas do convívio social e educacional.

O que também nos é referenciado por ANJOS (2017) é que:
“Devemos pensar que, antes de uma síndrome ou de uma necessidade especial, temos um sujeito de direitos. É por meio da escola que se promovem as mudanças sociais, a ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta e se fortalece na escola. Para que a escola consiga dar conta desta demanda é importantíssimo a mediação, a reflexão e o apoio de uma equipe multidisciplinar. É necessário conhecer o desenvolvimento humano e suas relações com o processo de ensino aprendizagem. E também como se dá o processo para aquele sujeito que está na nossa frente, não para a Síndrome de Down, não para o paralisado cerebral, mas para aquela pessoa que está na nossa frente. É fundamental o assessoramento ao professor para resolução de problemas do cotidiano na sala de aula, criando alternativas que possam beneficiar todos os alunos daquela sala de aula não só os alunos de inclusão”. (ANJOS, 2017).

Aos poucos a sociedade está compreendendo que não há uma prática de inclusão que possa vir a ser copiada e colada, por assim dizer. Pois cada caso é um, cada pessoa é uma, cada situação exige de nós uma resposta, uma ação ou várias respostas e ações com demandas totalmente diferentes a cada dia, a cada nova situação. Podemos considerar que a inclusão social e educacional é uma realidade que nos oferece a capacidade de exercitarmos os nossos potenciais de humanos de adaptação, criatividade, bom senso, respeito e ética.

Como muito bem nos faz refletir ANJOS (2017):
“Não temos nenhuma proposta de inclusão que possa ser generalizada ou multiplicada. No entanto não tem mais volta e este processo é de responsabilidade de toda sociedade e a escola, como promotora de mudanças sociais, com certeza é quem vai estar a frente disto. Enquanto a escola estiver puxando a inclusão, tenham certeza que logo teremos uma sociedade mais justa e para todos. A escola é quem mais fala de inclusão. Se a gente analisar todo o processo que se tem, toda a caminhada que se tem, todos os recursos... sempre foi a escola que está à frente, infelizmente com muitas dificuldades, infelizmente com pouco assessoramento. Mas é essa a ideia, este é o momento, que a gente possa estar refletindo juntas, articulando juntas, para que cada uma saia daqui com mais perguntas, com mais reflexões porque o ato, a ação vai ser no momento para cada sujeito, não tem uma resposta única, uma receita”. (ANJOS, 2017)


Diante disso, é primordial entendermos que a inclusão, historicamente, vem sendo fruto de uma transformação social e educacional em que o processo principal se dá no ambiente escolar e na interação deste com as demandas da rotina escolar e da rotina familiar e que esta caminhada acontece de forma, contínua, avançando a passos lentos, porém largos. E que será através de uma postura ética e de uma consciência de humanidade que promoveremos uma sociedade justa e para todos.

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