Retrospectiva
Histórica na Educação Especial
É
necessário refletir quando se trata de retrospectiva histórica na Educação
Especial que, de acordo com as leituras sugeridas no Eixo VI e dos cursos
realizados ao longo do semestre, que muitos foram os avanços, bem como que a
maioria das mudanças sociais que acontecem na linha histórica da inclusão de
pessoas com necessidades especiais, sejam elas educativas ou não, se apresentam
no ambiente escolar. Deste modo, muitas ações que incluem a formulação de leis,
iniciam sua trajetória por uma demanda emergente nos ambientes escolares e se
estruturam nos órgãos reguladores e competentes em âmbito social e educacional.
Ao
abordar esta temática, transcreve-se, também a palestra ministrada pela
Psicóloga da APAE Canoas Júlia dos Anjos no I Seminário de Educação Inclusiva
da APAE Canoas/RS, que nos faz refletir que:
“Duas
foram são as vertentes da Educação Inclusiva: a Integração e a Inclusão. Na
primeira, a Integração: tudo depende do aluno, é ele que tem que se adaptar ao
sistema. Na Inclusão, o meio e o social deverá se modificar e preparar-se para
receber o aluno com necessidades especiais. Este é o momento que nós estamos
vivendo, por isso que ele é mais desconfortável em algumas situações. Porque
teve um período em que se o aluno não se adaptasse ao sistema escolar ele ia
para outro lugar, ele ia para a escola especial; hoje não. Então o meio é que
precisa estar pensando o que vai fazer para que aquela criança, aquele aluno, consiga
se desenvolver”. (ANJOS, 2017).
É
perceptível que jamais haverá inclusão de fato, se a sociedade não se mobilizar
e se adaptar.
Com o
passar dos anos, se a sociedade não se adequar para receber as pessoas com
necessidades especiais, é bem possível que os papéis irão se inverter, porém a
inclusão ainda não estará acontecendo, porque os excluídos serão os que hoje
são considerados “normais”.
Visto
a problemática da inclusão do âmbito social é, portanto, fundamental que a consciência
de humanidade seja a principal norteadora deste processo de inclusão, aí sim,
caminharemos para uma sociedade em que a inclusão aconteça de fato e que não
haja espaço para exclusões de nenhum tipo.
Entenda-se
que não estamos abordando aqui a frase citada acima, de forma utópica: ‘caminharemos
para uma sociedade em que a inclusão aconteça de fato e que não haja espaço
para exclusões de nenhum tipo’ (NECCHI, 2017). Visto que se trata de um
processo de conscientização moral e ético, num momento caracterizado por uma
ação social comum a todos nós, enquanto seres humanos aprendizes e imperfeitos
que somos, em que estaremos agindo de forma socialmente responsável e ética e,
deste modo, convivendo com as diversidades e adversidades humanas de forma
respeitosa e inclusiva.
Reflexões
sobre os “Caminhos da Inclusão” por ANJOS, 2017:
Marcos
Significativos dos CAMINHOS da INCLUSÃO no
Mundo
|
|||||
60/70
|
1988
|
1990
|
1994
|
1999
|
2007
|
Décadas Iniciais
|
Convenção sobre os Direitos
da Criança
|
Declaração Mundial sobre
Educação para Todos (Tailândia)
|
Declaração de Salamanca
(Espanha)
|
Declaração de Guatemala
(Espanha)
|
Convenção Internacional
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (Nova York)
|
Marcos
Significativos dos CAMINHOS da INCLUSÃO no
Brasil
|
||||
1994
|
1999
|
2001
|
2001
|
2015
|
Política Nacional de
Educação Especial
|
Política Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
|
Decreto 1.956
|
Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica
|
Lei Brasileira de Inclusão
(Lei nº 13.146/2015)
|
Percebe-se,
nos quadros acima que no Brasil as Escolas Especiais começaram a surgir em
1954. Outra informação relevante é que iniciando pelas APAES (Associações de
Pais de Pessoas Portadoras de Deficiência), juntamente com as Escolas para
Cegos e as Escolas para Surdos, a Educação Inclusiva iniciou sua trajetória
histórica. No decorrer dos anos, as nomenclaturas das mesmas vêm sendo
aprimoradas pelo respeito pela pessoa, mas a essência se mantem: a de incluir a
pessoa com necessidades especiais às ações cotidianas do convívio social e
educacional.
O que também
nos é referenciado por ANJOS (2017) é que:
“Devemos
pensar que, antes de uma síndrome ou de uma necessidade especial, temos um
sujeito de direitos. É por meio da escola que se promovem as mudanças sociais,
a ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta e se fortalece na escola. Para
que a escola consiga dar conta desta demanda é importantíssimo a mediação, a
reflexão e o apoio de uma equipe multidisciplinar. É necessário conhecer o
desenvolvimento humano e suas relações com o processo de ensino aprendizagem. E
também como se dá o processo para aquele sujeito que está na nossa frente, não
para a Síndrome de Down, não para o paralisado cerebral, mas para aquela pessoa
que está na nossa frente. É fundamental o assessoramento ao professor para
resolução de problemas do cotidiano na sala de aula, criando alternativas que
possam beneficiar todos os alunos daquela sala de aula não só os alunos de
inclusão”. (ANJOS, 2017).
Aos
poucos a sociedade está compreendendo que não há uma prática de inclusão que
possa vir a ser copiada e colada, por assim dizer. Pois cada caso é um, cada
pessoa é uma, cada situação exige de nós uma resposta, uma ação ou várias
respostas e ações com demandas totalmente diferentes a cada dia, a cada nova
situação. Podemos considerar que a inclusão social e educacional é uma
realidade que nos oferece a capacidade de exercitarmos os nossos potenciais de
humanos de adaptação, criatividade, bom senso, respeito e ética.
Como
muito bem nos faz refletir ANJOS (2017):
“Não
temos nenhuma proposta de inclusão que possa ser generalizada ou multiplicada.
No entanto não tem mais volta e este processo é de responsabilidade de toda
sociedade e a escola, como promotora de mudanças sociais, com certeza é quem
vai estar a frente disto. Enquanto a escola estiver puxando a inclusão, tenham
certeza que logo teremos uma sociedade mais justa e para todos. A escola é quem
mais fala de inclusão. Se a gente analisar todo o processo que se tem, toda a
caminhada que se tem, todos os recursos... sempre foi a escola que está à
frente, infelizmente com muitas dificuldades, infelizmente com pouco
assessoramento. Mas é essa a ideia, este é o momento, que a gente possa estar
refletindo juntas, articulando juntas, para que cada uma saia daqui com mais
perguntas, com mais reflexões porque o ato, a ação vai ser no momento para cada
sujeito, não tem uma resposta única, uma receita”. (ANJOS, 2017)
Diante
disso, é primordial entendermos que a inclusão, historicamente, vem sendo fruto
de uma transformação social e educacional em que o processo principal se dá no
ambiente escolar e na interação deste com as demandas da rotina escolar e da
rotina familiar e que esta caminhada acontece de forma, contínua, avançando a
passos lentos, porém largos. E que será através de uma postura ética e de uma
consciência de humanidade que promoveremos uma sociedade justa e para todos.
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