Antes de iniciar este relato de experiência é importante dizer que, no turno da tarde durante o ano letivo de 2016, estive como substituta na escola onde, no turno da manhã, atendo a turma Berçário II.
Por este motivo, estive três dias em atendimento às crianças do Infantil II A.
Durante o horário de pracinha do primeiro dia, algumas crianças encontraram na nossa pracinha de areia um "bichinho" não identificado e logo todos se interessaram em saber do que se tratava. Então combinamos que iriamos estudar para saber de que bichinho se tratava.
Surgiram algumas hipóteses iniciais: besouro, grilo, barata que ainda não cresceu e formiga gigante.
Na aula do outro dia, nos reunimos numa rodinha na sala de aula e, com o apoio do meu celular, todos as crianças puderam olhar a foto do bichinho encontrado no pátio, para lembrar. Depois deste momento as crianças ganharam uma folha e desenharam suas hipóteses na folha "Ontem encontramos um bichinho no pátio da escola, eu acho que ele é...". Conforme as crianças realizaram seus desenhos, fui registrando na folha de cada um as suas hipóteses e cada criança colou no seu desenho uma foto miniatura do bichinho encontrado.
No terceiro dia de aula as crianças se reuniram na sala de aula novamente, e com o uso do data show da escola, do meu notebook e a internet da escola, pesquisamos imagens de bichinhos de acordo com as hipóteses relatadas pelas crianças e registradas em seus desenhos, realizando um comparativo com a atividade do dia anterior.
Neste dia, descobrimos que o bichinho encontrado é um grilo e que ele gosta de se alimentar com folhas e observamos que bem pertinho de onde encontramos a família de grilos no nosso pátio, temos várias plantinhas em vasos feitos de garrafa Pet.
Ao ler o texto "Repensando o ensino de Ciências a partir de novas histórias da ciência" de Russel Teresinha Dutra da Rosa, sugerido na interdisciplina Representação do Mundo pelas Ciências Naturais, há um trecho que representa bem este processo rico em descobertas, vivenciado pelas crianças do Infantil II:
"... as ideias de certo e errado são relativizadas.
O erro dos alunos passa a ser fonte de reflexão para
o professor, podendo indicar a existência de algum tipo
de obstáculo epistemológico para a compreensão de
noções científicas que estão sendo ensinadas"
(Davis e Espósito, 1990)
O trecho acima reforça a ideia de que aprender faz parte de um processo repleto de erros e acertos, onde cada um de nós está descobrindo, interagindo e aprendendo sempre, inclusive eu, enquanto professora.
Outro texto que reflete esta prática pedagógica realizada na turma do Infantil II é o "O ensino de ciências e a educação infantil" por Russel Teresinha Dutra da Rosa, que nos informa que:
"O ensino de ciências na educação infantil acontece preferencialmente
integrado às demais áreas de conhecimento, proporcionando, através
dos conhecimentos acumulados, teorias, metodologias e instrumentos
da área, uma riqueza de possibilidades de exploração do mundo realizada
pelas crianças. Muitos dos temas enfocados por esta área, são temas
de interesse das crianças sobre os quais elas já vêm se perguntando e
construindo concepções e representações, sendo fundamental, ao
planejarmos qualquer atividade envolvendo conhecimentos da área
de ciências, criar oportunidades para que as crianças interajam com
diferentes materiais e expressem suas concepções, representações e
hipóteses explicativas. Nesses momentos, através de diferentes materiais,
é possível ampliar interesses e fornecer informações adicionais. Uma postura
desejável no ensino de ciências é a de encorajar as crianças a realizar
testes e expor suas dúvidas sobre os temas abordados."
Conforme defende a autora Russel no texto acima, é importante oportunizar estudos na área de ciências naturais, na educação infantil, através de uma abordagem lúdica, onde o jogo simbólico esteja presente e que eles possam expressar suas hipóteses, sugestões e aprendizagens.
Em outro trecho do texto "O ensino de ciências e a educação infantil", Russel reforça uma proposta de ensino em que:
"... o desenvolvimento de projetos com as crianças.
Trabalhar com a fantasia e a imaginação, mas também com a
observação, as comparações, as medidas e os registros escritos,
os desenhos, as modelagens, as colagens e etc.. Em suma, a criança
para construir conhecimentos precisa agir, perguntar, ler o mundo,
olhar imagens, criar relações, testar hipóteses e refletir sobre o
que faz de modo a reestruturar o pensamento permanentemente."
Partindo das premissas citadas pela autora e das aprendizagens adquiridas através desta proposta realizada com a turma do Infantil II A, entendo que é fundamental realizar experiências na área de ciências, a partir das curiosidades das crianças.
Descobrir e aprender brincando é uma forma significativa e prazerosa de estudar.